domingo, 8 de janeiro de 2012

Inclusão social de primeiro mundo

Inclusão social é um tópico que sempre gera discussões quando discutido, são tantas teorias no papel e enormes dificuldade no dia a dia, mais uma das utopias do sistema que é lindo no papel, mas possui uma realidade cruel em vários países do mundo.

Pra quem não sabe fui funcionária do ministério da educação da Nova Zelândia e trabalhei como support worker no departamento de alunos com necessidades especiais, uma profissão que até onde sei não existe no Brasil.

Aqui não existem escolas diferentes só para alunos com necessidades especiais, como por exemplo, a APAE que temos no Br, na NZ eles freqüentam escolas normais sejam elas particulares ou públicas e o ministério da educação proporciona todo o suporte que esses alunos e famílias necessitam.

Basicamente os estudantes freqüentam a escola que for escolhida pelos pais, e o ministério providencia um profissional, o support worker, que trabalhará com ele na escola tendo como função tudo que é relacionado à sua inclusão, segurança,  desenvolvimento e aprendizado.

Assim, o estudante participa de escolas regulares, em turmas regulares, possui um professor regular que ensina toda a turma e conta com o suporte do profissional. Detalhe importante, em minha opinião o mais fascinante, é que existe um support worker por aluno se a classe tiver dois estudantes com necessidades especiais, serão a professora mais da turma mais dois support worker naquela classe.

A família também recebe muito apoio do governo, possuem acesso a psicólogas regularmente, reuniões com outras famílias que vivem na mesma situação e as mães das duas crianças com quem trabalhei ainda ganhavam de bônus abraços e beijos em dias que as encontrava no final da aula.

Obviamente nada é perfeito existe coisa que eu achava que não deveriam existir ou deveriam ser diferente, mas confesso que quando o assunto é educação eu vejo problema até onde não tem, em comparação com o sistema que eu conhecia no Brasil, achei que o sistema de inclusão social da Nova Zelândia é sensacional, coisa de primeiro mundo.

Obviamente que a NZ é um país com uma população de um pouco mais de 4 milhões e o Brasil quase 200 milhões, e imagino que é muito mais fácil dar suporte as inclusões sociais a uma população pequena do que uma gigante, mas já pararam pra pensar que com menos pessoas o país coleta menos impostos? Tenho tantas perguntas, indignações e comparações nesses aspectos e outros sobre o porquê o Brasil não funciona que é melhor nem começar a escrever.

Outra questão fascinante sobre a inclusão social na NZ é o quanto claro fica como as atitudes do sistema educacional refletem na sociedade, as pessoas que possuem algum tipo de deficiência mental ou física são tratadas de uma maneira muito normal. Tenho a nítida sensação que ninguém deixa de ir ao supermercado ou ao shopping porque estão em cadeira de rodas, as vagas de estacionamento de deficientes, que são as mais próximas da entrada dos lugares, são realmente utilizadas por deficientes e não por espertinhos que querem achar uma vaga próxima a entrada. Ou seja, ninguém deixa de ter uma vida normal e a sociedade respeita e apóia de verdade essa atitude.


Minhas amigas professoras no Brasil devem estar lendo esse texto com o coração apertado, e os olhos brilhando com o sonho de um dia ter um support worker na sua sala de aula para cada aluninho que necessite. Afinal de contas, se tem algo que admiro nos professores do Brasil é que são umas das poucas pessoas que ainda conseguem refletir, questionar, lutar por condições de trabalho e respeito por sua profissão e sonhar com dias melhores.

Aproveito a oportunidade pra dizer as minhas amigas Teacher que vocês são profissionais não só admiráveis e dignas de respeito nesse país, mas também heroínas e guerreiras de acreditarem que ainda é possível mudar a situação da educação do Brasil.

Com carinho,
Adri



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