sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Felicidade Realista

A crônica é muito boa, faz você pensar e refletir sobre sua forma de ver a vida e tudo ao seu redor. Eu estou em um momento especial da minha vida, quando digo especial não significa necessariamante bom, mas sim uma etapa em que tenho aprendido muito com tudo que aconteceu, tem acontecido, comigo e me sinto grata por estar aprendendo tanto sobre a vida e sobre mim mesma. 

 

Felicidade Realista 


A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor?

Ah, o amor… não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.
Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade.

Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.

Olhe para o relógio: hora de acordar.

É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se deshumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.

Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Martha Medeiros

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mude! Viva!

Não sei quem é o autor, mas achei bom o suficiente para postar aqui no blog.

Talvez possa parecer um pouco adolescente demais, mas me identifiquei com a mensagem, pois quem nunca teve fases na vida que pareceu que nada se movimentava, que se perdeu o encanto e já não se recordava mais da sensação de aventura, de como era sentir aquele friozinho na barriga, ter as mãos suadas, o coração acelerado de empolgação por causa das possibilidades que ir em busca de um sonho nos traz.

E quando se sentir assim, leia o texto abaixo:

Mude

Mas comece devagar, porque a direção

é mais importante que a velocidade.
Mude de caminho, ande por outras ruas,
observando os lugares por onde você passa.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Descubra novos horizontes.

Não faça do hábito um estilo de vida.


Ame a novidade.

Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
Busque novos amigos, tente novos amores.
Faça novas relações.
Experimente a gostosura da surpresa.
Troque esse monte de medo por um pouco de vida.
Ame muito, cada vez mais, e de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, de atitude.

Mude.

Dê uma chance ao inesperado.
Abrace a gostosura da Surpresa.

Sonhe só o sonho certo e realize-o todo dia.


Lembre-se de que a Vida é uma só,

e decida-se por arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais prazeroso,
mais digno, mais humano.
Abra seu coração de dentro para fora.

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.


Exagere na criatividade.

E aproveite para fazer uma viagem longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas diferentes, troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você conhecerá coisas melhores e coisas piores,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, a energia, o entusiasmo.

Só o que está morto não muda ! 



E se você está lendo meu blog é porque recebeu o presente da vida, portanto VIVA!

Com carinho,
Adri

 

sábado, 8 de setembro de 2012

Tempestade e arco-íris


Acredito que nasci “destinada” a viver em um lugar distante do lugar onde nasci, de fato não poderia ter ido mais longe a não ser que estivesse vivendo com os pingüins na Antártica, sempre tive vontade de viajar, conhecer outras cidades, estados do Brasil, outros países, aprender sobre outras culturas, hábitos e eu sabia que um dia esse sonho se realizaria.

Como um ser humano normal que acredita muito em seus sonhos, eu achava que o que eu queria para mim era a única forma correta de ‘viver’, eu não entendia como as pessoas conseguem “nascer e morrer” no mesmo lugar, sem se mover, sem conhecer outros lugares, outras culturas, sem respirar outros ares. Pensava que quem não compartilhava do mesmo sonho que eu, possuía mentalidade pequena, expectativas pequenas, um bando de medrosos que eram um pouco comodistas demais, estranhos demais.

Realizei meu sonho, morei em outra cidade, em outro estado do Brasil (embora não tenha sido o estado que sonhei viver), conheci alguns países, cruzei alguns continentes, aprendi sobre diversas culturas pelos lugares onde passei, com as pessoas de diferentes nacionalidades que conheci nesses meus cinco anos de jornada vivendo no exterior, aprendi outro idioma, experimentei muitas outras culinárias e vivo em um lugar muito, mas muito, distante de onde nasci.

O tempo e as experiências são fundamentais para conseguirmos ver as coisas de uma maneira diferente, com outros olhos, minhas vivências me permitiram compreender um pouco sobre o porquê as pessoas que “nascem e morrem” no mesmo lugar decidem “nascer e morrer” no mesmo lugar. Aprendi que tudo nessa vida tem um preço, que até mesmo a realização de um sonho tem o seu lado não tão brilhante. Que nessa vida fazemos escolhas e que nossas escolhas andam acompanhadas por conseqüências, que podem ser maravilhosas ou nem tanto.

Hoje já penso que viver no mesmo lugar a vida toda também possui a sua mágica, possui um lado positivo, afinal você passa a vida toda rodeado de pessoas que te já te conhecem, pessoas que sabem quem você é, do que você gosta, está rodeado de pessoas que lembrarão o seu aniversário, é freqüentemente convidado para participar de casamentos, formaturas, batizados, chá de panela, chá de bebê, festas de natal, ano novo e a lista de evento é infinita. Conclui que quem passa a vida inteira em um único lugar consegue construir uma identidade, pertencer a um lugar, se identificar com uma “tribo”, e muitos seres humanos sonham em viver para sempre em território familiar, afinal embora ame ter realizado meu sonho de “correr” por ai e viver bem longe, preciso dizer que isso às vezes não é tarefa fácil.

Conclui que não existe uma forma certa ou errada de ‘viver’, no mesmo lugar a vida inteira ou a vida inteira em diferentes lugares, o importante é saber o que te fará feliz e fazer acontecer, aceitando que o fato de que tudo possui um lado preto e um lado branco, ou melhor, um lado com tempestade e um lado com arco-íris.

Com carinho,
Adri
 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Gauchada faceira :)


Vista do lago no centro da cidade de Queenstown
Recentemente tirei férias de inverno e viajei para Queenstown, que em minha opinião é uma das cidades mais lindas da NZ, se não a mais linda de todas, e é de uma beleza única,e ai é claro vem a minha teoria que sempre digo, tem lugares nesse mundão que só fotos, vídeos e comentários de quanto lindo o lugar é não serve sabe? O lugar é tão lindo, mais tão lindo, tão único que só estar lá é que te dará total visão/experiência de quanto lindo e mágico o lugar é.   Agora vem a questão das prioridades ,nós nascemos, crescemos e fomos educados em uma sociedade materialista que nos ensinou a priorizar o TER, eu me considero privilegiada, pois em meio ao furacão materialista, aprendi o valor do SER e ainda criei uma adaptação, o valor do ESTAR, estar num determinado lugar para poder simplesmente viver o momento, experimentar a sensação de estar presente em um lugar especial, com pessoas especiais, com culturas e hábitos interessantes.

Neve é tudo de bom :)
Queenstown é tudo de bom, já estive lá várias vezes e sempre que fui amei estar lá, mas dessa vez a cidade me proporcionou uma experiência nova e “intrigante”, dessa vez tive contato com brazileiros do RS, tive o prazer de tomar um bom chima com uma gauchada faceira e foi mais uma experiência única para acrescentar à minha lista.

Não viajei muito o Brasil antes de viajar ao exterior, conheço a região sul do país e depois mais tarde morei em SP,  então não conheci pessoas de outros estados do BR enquanto vivia la, conheci pessoas que eram de outros lugares mas que já viviam no RS há muito tempo e tinham hábitos e mentalidade similares aos locais.  Já aqui na NZ conheci gente de tudo que é canto do Brasil, menos gaúchos, o estado mais comum de conhecer pessoas é sem duvida o povo de São Paulo, o estado com o qual tenho um relacionamento de amor e ódio, mas que não vou entrar em detalhes, pois cultura e atitudes do povo de SP é algo que poderia dar milhares de textos aqui no blog, claro só se  eu não tivesse nada melhor para escrever, que não é o caso ...ehehehehehe Então deixa para lá....

Mas a questão é que quando você vive no exterior é quase que natural/inevitável ter contato com as pessoas da mesma nacionalidade que você, as famosas comunidades que se formam para matar a saudade da sua Terra natal. Porém, o Brasil é um país de muitas faces, a diversidade cultural do nosso país é imensa, os hábitos, os costumes, as atitudes, os valores das pessoas mudam muito de uma região/estado para outro e isso é extremamente gritante na maioria das vezes, ao menos para nós gaúchos a diferença é enorme, nós somos muuuuuuito diferentes dos outros brasileiros. Longe de mim querer criar guerra de estados, mas isso é uma realidade que não quer calar e eu precisava escrever sobre esse assunto. Sempre digo que o Brasil poderia ser fácilmente dividido em três ou quatro países, mas ai o povo (ignorante) acha que eu tenho mania de movimento separatista, mas as diferenças entre os estados são tão grandes que eu acredito de verdade que precisa ser dividido.

O fato é que minhas férias de inverno em Queenstown me proporcionaram, pela primeira vez em quase cinco anos vivendo na Nova Zelândia, o prazer de ter contato com gaúchos, encontrei uma colega de faculdade e o namorido que vivem lá e através deles também conheci uma gauchinha muito bacana com seu namorido paranaense, que também era gente boa e tomei um chimarrão maravilhoso com eles, com todo mundo sentado em uma roda, com uma erva mate de primeira, com direito a bolo de chocolate, pipoca, bolacha e tudo mais que só a hospitalidade gaúcha sabe oferecer, batemos um papo de quinhentas horas porque é claro que gaúcho sempre tem assunto, matei a saudade de estar com as pessoas da minha cultura, da minha verdadeira cultura, me senti acolhida, me senti em casa, me senti a vontade, me senti que estava no meio de amigos, de pessoas que realmente possuem a capacidade de se relacionar sem fazer nove horas, de pessoas que possuem excelentes hábitos, gente de uma cultura única que vêem as coisas de uma forma muito mais amável, muito mais agradável, gente que se preocupa e tem prazer em fazer de tudo para que seus convidados se sintam a vontade e amados ao seu redor.

Vista panorâmica da cidade de Queenstown
Minhas férias de inverno em Queenstown não só me proporcionaram momentos mágicos de ESTAR em um lugar tão lindo, mas também de ESTAR rodeada de pessoas com uma cultura maravilhosa da qual sinto muito saudades, mal posso esperar pelas férias de verão em novembro quando estarei de partida ao Brasil, ou melhor, ao Rio Grande do Sul. Aos meus amigos gaúchos que vivem em Queenstown, nossa casa aqui em Wellington estará sempre de portas abertas para recebê-los e certamente nós os visitaremos com frequência para um bom chimarrão.



 




quinta-feira, 21 de junho de 2012

O perfeito não existe!

Todo mundo que me conhece um pouquinho sabe que eu moro aqui na Nova Zelândia por opção própria, afinal ninguém me mandou pra cá, eu não casei com um ‘gringo’ e não sou ‘fugitiva’ do Brasil, ao menos não oficialmente, mas isso também não vem ao caso. Sim, vivo na minha pátria escolhida porque escolhi viver, mas sou uma pessoa muito honesta com minhas opiniões, não faço parte da ‘fatia’ do povo brasileiro que mora no exterior e se deslumbra com qualidades de seu novo país sem perceber os defeitos, afinal vamos ser honestos não existe país perfeito!

Afirmo e repito não existe país perfeito, o que existe é você escolher quais são os problemas com os quais você quer/é capaz de tolerar/conviver.

Reconheço que sou ‘privilegiada’ em muitos aspectos aqui nesse outro lado do mundo, afinal quando o assunto é qualidade de vida e segurança minha pátria escolhida tem muito a oferecer, os elogios e apreciações em relação à Nova Zelândia são vários, vivo comentando com todo mundo que me sinto realmente ‘sortuda’ por estar vivendo meu sonho.

Porém, essa minha publicação é sobre as dificuldades, sobre o lado negativo de viver aqui, embora muitas pessoas, ou melhor, a maioria das pessoas acreditarem que quando a gente vive no exterior tudo é mágico, tudo é diversão, tudo em nossa vida é sobre viajar e pular de pára-quedas, a realidade é muito simples, viver no exterior é igual viver no Brasil tem o lado bom e o lado ruim, o perfeito não existe!

Certamente os “problemas” são diferentes no ponto de vista de cada um, a minha maior dificuldade aqui é sem dúvida a questão cultural, acho o povo daqui um tanto quanto estranho, frio e egoísta, eu nunca tive dificuldades de fazer amigos, mas aqui tenho, sabe como é o povo brasileiro faz amigo até na fila do banco esperando para pagar as contas, mas aqui é quase que impossível os relacionamentos são frios, você não fica intimo o suficiente das pessoas para que elas e você se visitem sabe????

O máximo de socialismos é combinar de se encontrar depois do trabalho para tomar uma bebida no bar, sair pra comer algo junto e era isso, eu já sou muito mais gaúcha, quero ter amigos que venham na minha casa tomar um chima, comer um bolo e botar tanta conversa/fofoca fora que tem que acabar ficando pra janta sabe??? Não sei acho que é uma forma bem local de ser também, pois sei que existem brasileiros de outros estados do Brasil que não são tão hospitaleiros como nós do sul, mas eu tenho essa coisa e depois de quase cinco anos vivendo aqui não encontrei ninguém ainda com quem eu pudesse ter uma amizade que não fosse cheia de nove horas sabe???  Ninguém consegue imaginar o quanto me faz falta esse contato humano, tenho muuuuuiiiita saudades dos meus amigos do Brasil....já vou parar de escrever sobre isso se não já vou me ‘esbugalhar’ chorrando...

Vista do céu as 8 da manhã em Wellington no inverno
Outro fator que me mata é o clima do tempo, gente o inverno dura no mínimo uns seis meses e durante esse período é sempre cinza, nublado, úmido, frio de matar e dá a sensação de que é sempre noite, você sai de casa pela manhã para ir ao trabalho e na maioria das vezes ainda está escuro, e sempre que sai do trabalho a tardinha já está completamente escuro. Aqui em Wellington então chove um montão e venta que é uma beleza, a pergunta matinal é quanto forte está o vento hoje, pois praticamente não existe a possibilidade de não estar ventando, é uma desgraça! Para completar o pacote falta calor no verão, tudo é uma questão de ‘sorte’, o verão desse ano deve ter tido uma semana de dias quentes e aqui em Wellington raramente fez mais de 20 graus, uma tristeza..hehehe Esse é a verdadeira coisa da qual a gente precisa rir pra não chorar.

Por hoje minha sessão de reclamações fica por aqui, não escrevi essa postagem com a intenção de ser negativa, mas sim porque quero dividir com as pessoas que lêem minhas postagens a verdadeira ‘face’ do que é viver no exterior, do quanto a grama do visinho não é mais verde, de que tudo nessa vida tem o lado bom e o não tão bom, de que toda vez que fazemos uma escolha nessa vida estamos abrindo mão de outras coisas, de que  ninguém vive em um conto de fadas nem mesmo os que vivem/realizam os seus sonhos.

As possibilidades que o universo e a vida nos apresentam diariamente são maravilhosas, basta prestar atenção, todos nós temos a capacidade e o potencial de realizar nossos sonhos e desejos. O grande desafio é aprender a conviver com o que você precisou deixar para traz devido às escolhas que foram feitas, os sonhos que foram realizados. Eu sou e sempre serei uma eterna ‘aprendiz’ quando o assunto é aceitar que viver o sonho aqui, significa ter que ‘abrir’ mão das coisas que só existem ai.



Com carinho,
Adri

Ótimo video

Esse é um ótimo video, sobre a questão profissional da minha geração?

Só sei que nada sei sobre esse tema, pois meus quatro anos de qualificação universitária passaram a não fazer nenhuma diferença em minha vida profissional desde o momento em que  "pirei o cabeção" e decidi viver no exterior.

Muita gente diz que nessa vida não se pode ter tudo, o que eu descordo completamente por achar que essa é uma forma muito conformista de encarar as coisas e eu que sou 'inconformista' detesto essa ideia, mas na questão profissional por enquanto preciso dizer que estou aderindo a essa filosofia temporáriamente para não fazer as malas e retornar ao Brasil, pois ainda não me "encontrei" profissionalmente na minha pátria escolhida. 

Fica ai o link do video 

http://vimeo.com/44130258

Com carinho,
Adri

domingo, 27 de maio de 2012

Um dia você aprende…

Essa mensagem é maravilhosa, me sinto feliz por ter aprendido grande parte de tudo que está escrito abaixo.

Um dia você aprende…

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança ou proximidade. E começa aprender que beijos não são contratos, tampouco promessas de amor eterno. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos radiantes, com a graça de um adulto – e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, pois o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, ao passo que o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol pode queimar se ficarmos expostos a ele durante muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe: algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e, por isto, você precisa estar sempre disposto a pedoá-la.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva um certo tempo para construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la; e que você, em um instante, pode fazer coisas das quais se arrependerá para o resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e que, de fato, os bons e verdadeiros amigos foram a nossa própria família que nos permitiu conhecer. Aprende que não temos que mudar de amigos: se compreendermos que os amigos mudam (assim como você), perceberá que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou até coisa alguma, tendo, assim mesmo, bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito cedo, ou muito depressa. Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que verdadeiramente amamos com palavras brandas, amorosas, pois cada instante que passa carrega a possibilidade de ser a última vez que as veremos; aprende que as circunstâncias e os ambientes possuem influência sobre nós, mas somente nós somos responsáveis por nós mesmos; começa a compreender que não se deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que se pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se deseja tornar, e que o tempo é curto. Aprende que não importa até o ponto onde já chegamos, mas para onde estamos, de fato, indo – mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar servirá.
Aprende que: ou você controla seus atos e temperamento, ou acabará escravo de si mesmo, pois eles acabarão por controlá-lo; e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada ou frágil seja uma situação, sempre existem dois lados a serem considerados, ou analisados.

Aprende que heróis são pessoas que foram suficientemente corajosas para fazer o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências de seus atos. Aprende que paciência requer muita persistência e prática. Descobre que, algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, poderá ser uma das poucas que o ajudará a levantar-se. (…) Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido: simplesmente o mundo não irá parar para que você possa consertá-lo. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante você mesmo seu jardim e decore sua alma – ao invés de esperar eternamente que alguém lhe traga flores. E você aprende que, realmente, tudo pode suportar; que realmente é forte e que pode ir muito mais longe – mesmo após ter pensado não ser capaz. E que realmente a vida tem seu valor, e, você, o seu próprio e inquestionável valor perante a vida.

Willian Shakespeare

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ser inquieto

Você já parou para pensar o quanto difícil é ser uma pessoa inquieta?
Quando me refiro a ser inquieto, me refiro a possuir um cérebro que nunca “desliga”, uma personalidade que nunca “relaxa”, aos que vivem para aguardar o futuro, aos que nunca estão contentes, aos que vivem sonhando com algo novo sem curtir o bastante os sonhos já realizados, aos que exigem demais de si próprios que as vezes se cansam de si mesmo.

Conversando com uma colega de trabalho essa semana, que é canadense, ela me disse que se impressiona consigo mesmo, pois nunca está feliz, sempre quer algo mais, sempre diz que ficará contente quando atingir o objetivo X e quando o atingi em 5 minutos já parte para o próximo desejo e assim a vida segue. Cometei que acredito que é a nossa geração, somos a geração das mentes inquietas, geração dos descontentes, nada nunca é o suficiente e estamos sempre vivendo no futuro, nunca no presente.

Comentei com ela que quando viajei a Tailândia no ano passado, me impressionei com o quanto feliz é a população, de que acredito que o sentimento e a paz de espírito de conseguir encontrar a felicidade diariamente nas pequenas coisas deve ser algo realmente maravilhoso, o que você sente quando chega em um lugar onde os valores  ainda são verdadeiros, ainda fazem parte do ser feliz com o que você possui, de não deixar que a preocupação de como será o futuro apague o brilho e a importância do dia de hoje é maravilhosa e inexplicável. Nunca pensei que fosse me impressionar tanto com a cultura, os valores, as atitudes, a forma de encarar a vida de uma população como me apaixonei com a Tailândia.

Chegamos à conclusão de os seres inquietos são “filhos” das sociedades desenvolvidas, pois as nações subdesenvolvidas se contentam com “menos”, conseguem valorizar muito mais o que possuem, não se lamentam tanto pelo que não têm, possuem expectativas limitadas e mais realistas, vivem contente e em paz no presente e encaram o futuro como algo “normal”.  

Existe uma expressão em inglês que eu adoro que diz Take it as it comes, no sentido de lidar com as coisas quando elas acontecerem/conforme elas forem ocorrendo. Vai dizer que ter a capacidade de pensar assim, de agir assim não é o sonho de muita, mas muita gente?  E agora te pergunto qual é a receita, qual é o segredo para conseguir aderir a essa forma maravilhosa de ver as coisas?

Eu tenho tentado yoga, meditação, aromaterapia, comida terapia (como muito quando estou ansiosa hehehe), amigo terapia (coitados dos meus amigos confidentes, falo mais que a nega do leite hehehe) e até shopping terapia, mas nada tem funcionado.

Esse texto é para te dizer que se você sofre da síndrome do inquieto, você não está sozinho e que embora “sofremos” por sermos assim, fazemos parte da “fatia” revolucionária desse mundão, pois a inquietação é capaz de nos levar a lugares maravilhosos, a experimentar o desconhecido, a ariscar alto, a ir mais longe a viver uma vida recheada de tentativas :)

O mundo precisa de seres inquietos, mas eu sonho com o equilibrio entre quem eu sou e quem o povo thailandes é! 
   


sábado, 21 de abril de 2012

Precisa ser divulgado!

RESPOSTA À REVISTA VEJA

Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”.

É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador. Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.

Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.

Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola. Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores, e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou, o que é ainda pior, envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.

Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.

Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais.

Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores?

E, nas aulas, havia respeito, amor pela Pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência.

Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.

Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a "passeios interessantes", planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.

E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom.

Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;

Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40h semanais.

E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.

Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que se esforcem em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas.

Como isso é motivante..e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave.

Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.

E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros.

Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade..

Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos se sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo

Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!!

Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.

Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.

Vamos fazer uma corrente via internet, repasse a todos os seus! Grata

Vamos começar uma corrente nacional que pelo menos dê aos professores respaldo legal quando um aluno o xinga, o agride... chega de ECA que não resolve nada, chega de Conselho Tutelar que só vai a favor da criança e adolescente (capazes às vezes de matar, roubar e coisas piores), chega de salário baixo, todas as profissões e pessoas passam por professores, deve ser a carreira mais bem paga do país, afinal os deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os "alfabetizados funcionais".

Pelo amor de Deus somos uma classe com força!!! Somos politizados, somos cultos, não precisamos fechar escolas, fazer greves, vamos apresentar um projeto de Lei que nos ampare e valorize a profissão.

Vanessa Storrer - professora da rede Municipal de Curitiba!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A arte de viver juntos :)

Recebi esse texto por email de uma amiga muito querida, achei "a lenda" muito verdadeira e concordo com a lição que a mensagem nós traz. Assim, resolvi postar no blog, pois não consigo entender/aceitar/conviver com a idéia de que algumas pessoas trasformam o '"amor" que possuem por alguém em um grande egoísmo, não respeitando as decissões, sonhos de seus amados! E quando digo "amados" não me refiro só ao amor de casais, do matrimonio, mas também ao amor de pais e mães que não compreendem que os filhos crescem e saem do ninho,  que possuem seus prórpios sonhos e objetivo!

Não me canso de dizer que o conceito de felicidade é diferente para cada pessoa, e o que te faz feliz não precisa ser aprovado, fiscalizado ou apoiado por ninguém, mas sim RESPEITADO!!! Nessa vida cada um faz suas escolhas e cedo ou tarde "arca" com as consequências, sejam elas boas ou ruins.

Segue o texto que recebi :
 
Conta uma lenda dos índios sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem Azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram:

- Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure estar um ao lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

- Há o que possa ser feito, ainda que sejam tarefas muito difíceis. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia apenas com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!
Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão. 

No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as dos sacos e constatou que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.
- E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram.
- Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres.

Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar.

Então o velho disse:
-Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se como também, cedo ou tarde, começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.
 
Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas. 
Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas. 
A lição principal é saber que somente livres as pessoas são capazes de amar.

sábado, 31 de março de 2012

Viagem ao Brasil

Esse texto é baseados em experiências próprias e em experiências de amigos brasileiros que também vivem permanentemente no exterior, em especial uma amiga muito querida que vive nos Estados Unidos, com quem tenho tido o prazer de compartilhar desde o inicio a minha jornada de vida longe do Brasil e, é claro tenho a alegria de estar “presente” na jornada dela. Essa amiga, recentemente foi passar férias no Brasil e assim que retornou para casa me ligou contando tudinhoooo, então achei que a saudade do Brasil , a alegria de viver no exterior e principalmente a mistura das duas coisas mereciam uma publicação no blog então ai vai...

VIVER permanentemente no exterior, refiro-me a etapa de quando você não é mais um estudante ou viajante, mas sim quando o seu mundo é nesse novo país, quando a vida é real, você passa a aprender sobre política, sobre as leis, sobre os custos dessa vida real, sobre a cultura local de uma forma detalhada, aprende como que é realmente conviver com as pessoas dessa nova cultura a qual agora você também faz parte, sobre os hábitos, manias, valores, forma de pensar dos “locais”. Ai é quando você forma conclusões, seus conceitos sobre o país e principalmente sobre as pessoas que habitam a sua pátria escolhida, e é claro que inevitavelmente durante esse processo de FAZER parte disso tudo, sua formação de conclusões e opiniões a respeito de tudo é feita comparando com o seu país, pessoas e a sua cultura de origem.

No inicio, suas conclusões são bem claras e você tem um opinião muito definida sobre tudo e todos, consegue perceber exatamente as diferenças entre sua realidade antiga e a nova, fica feliz e até aliviado de perceber que embora sua nova realidade não seja um conto de fadas, tudo funciona, as leis são leis pra todos, o dinheiro dos impostos que você paga são realmente aplicados da forma como você sempre achou que era certo (saúde, educação, bem estar da população, estradas perfeitas sem nenhum buraquinho, calçadas impecáveis, tudo limpo, tudo muuuuito limpo) e a sensação é exclusivamente de que você fez a escolha certa, ter ido viver nesse novo país, nessa nova realidade foi uma escolha genial, você tem a certeza de que nuuuuunnnnnca mais voltará a viver no país em que nasceu, nunca mais voltará a viver no Brasil, pois viver no Brasil é para os loucos, você não consegue entender como conseguiu viver lá durantes os anos que viveu, não consegue entender como as pessoas que você conhece conseguem viver lá...ai vem uma grande sensação de alivio, conforto, a sensação de ter tirado a sorte grande, de que todos os “perengues” que você passou para chegar nesse ponto valeram a pena.

O tempo vai passando, os anos vão passando e a cada vez que alguém te pergunta: How long have you been here? (Quanto tempo faz que você está aqui?) teu coração parece que vai saltar pela boca quando você percebe que a resposta não é mais 6 meses, um ano, um ano e meio, dois anos, mas sim quase cinco anos!!!!!! Aliás, passado dois ou três anos, inicia-se o processo contrário ao que aconteceu no início, você começa a achar defeitos nas coisas, o fato do país ser muito verde e lindo já não te impressiona mais, a limpeza, organização, governo menos corrupto do mundo, respeito, etc já fazem parte do dia a dia portanto, também não possuem o mesmo impacto gigantesco como antes, já não fazem mais teus olhinhos brilharem como antes. A população de educada passa a ser chata, fria,  infeliz, uma população que só sabe reclamar, povo de mentalidade pequena, povo mesquinho, falso que diz por favor e obrigado para tudo só porque é hábito, não porque realmente tem educação e respeito ao próximo. Você começa a questionar sua escolha, pensa que deveria voltar ao Brasil, ficar próximo das pessoas que ama, dos amigos, poder comer tudo que tem saudades, ter todas as frutas e vegetais fresquinhos que só um país tropical pode te oferecer, tem saudade da sua cultura, do quanto amável o povo brasileiro é, do quanto bom é ter todo mundo reunido para um bom churrasco de domingo, o quanto maravilhoso é ter uma roda de chimarrão comendo uma deliciosa cuca de coco, começa a pensar que o Brasil não é tão ruim assim, que quem sabe você conseguiria viver em sua pátria imposta novamente, que talvez essa SIM é que seria a melhor decisão, a escolha certa.  

 Assim esses sentimentos de dúvidas sobre a sua escolha começam a se misturar com os sentimentos iniciais, tem dias que você ama sua pátria escolhida e fica orgulhoso de você mesmo por ter coragem e garra para viver do outro lado do mundo, outros dias acha que a escolha foi uma grande bola fora que deveria era mesmo ter ficado com o seu chimarrão e cuca de coco, com teu churrasco, com o rodízio de pizza e ter fingido (como a maioria dos brasileiros faz) que o governo da sua pátria imposta não é um dos mais corruptos do mundo, que o Brasil não é um país de injustiças, que a futilidade e consumismo do povo brasileiro não te irritam tanto assim, que a saúde e educação não são uma bosta (perdão o termo, mas sou sincera).

Então, quando você já não agüenta mais viver com essa dúvida e acha que teu cérebro vai ter um curto circuito pensando se foi certo ou errado ter ido viver na pátria escolhida, quando a saudade das coisas boas do Brasil está quase fazendo teu coração parar de bater, você viaja ao Brasil, tira férias, vai comer tudo que tinha saudade, vai visitar a todas as pessoas que queria que morassem a uma quadra de distância de onde você tem morado nesses últimos cinco anos, come cuca de coco, um bom churrasco, mata toda a saudade, se enche de alegrias, coloca todo o papo em dia, fica com o coração novinho em folha novamente.

E o melhor de tudo não é isso, pois você descobre que só de colocar o pé no aeroporto no Brasil o seu cérebro passa por um processo de regeneração espontânea, pois só de pisar em solo Brasileiro você já percebe que estava reclamando de barriga cheia sobre sua pátria escolhida e que lá sim é o seu lugar, que a decisão de viver do outro lado do mundo foi SIM a mais sábia decisão que você tomou, que a impressão de que você nunca pertenceu ao país onde nasceu não era só coisa da sua cabeça, mas sim a verdade mais verdadeira.

E ai você come, bebe, abraça, beija o povo e quando vê ta louco pra correr de lá, para dar no pé para voltar a sua realidades que é tão mais colorida, a conviver com um povo que pede por favor e desculpa para tudo, para o lugar onde tudo funciona, para o país onde os direitos e deveres são iguais para todos, o lugar onde você  pode ser quem você é, pode fazer suas escolhas sem ninguém dar palpite, o lugar onde as pessoas não olham se sua roupa é de marca, se seu carro é importado, o lugar que você se sente seguro, importante, realizado, em paz,  o lugar onde você se sente em casa, para a pátria que é a sua pátria, ao país que você tem muito orgulho de chegar no aeroporto e passar na imigração como cidadão, ao país que você acolheu chamar de seu, o país que te aceitou, te acolheu quando viver no Brasil já não servia mais para você. E essa sensação é única e inexplicável, só quem já passou é que sabe como é senti-la.

Obrigada minha amiga querida por me ligar e compartilhar tua experiência de viagem ao Brasil, e principalmente por me fazer relembrar da minha viagem ao Brasil e do quanto tenho reclamado de barriga cheia sobre a minha pátria escolhida.

Um beijo enorme aos que amo e sinto saudades, mas a vida real é aqui nesse país far far away !

Com carinho,
Adri

quinta-feira, 1 de março de 2012

Brasil: amor e ódio

Tenho uma relação com o Brasil de amor e ódio, isso não é novidade para os que me conhecem de verdade, coisas como o 'jeitinho brasileiro' de ser me embrulha o estômago, a falta de cultura e educação me deixa zonza e a forma de parecer ser quem não é me faz vomitar, literalmente. O fato é que sempre me senti um peixe fora d`agua no Brasil, pois não sei dar tapinha nas costas, não sei dar sorrizinho simpático às pessoas que não gosto, não sei não dizer exatamente o que penso, posso talvez não dizer nada, mas se for dizer algo será sempre minha opinião verdadeira, é uma tarefa impossível dizer algo só porque é o que os outros querem ouvir. Sempre fui assim, pra mim as coisas são ou não são, ou é oito ou oitenta.

Lembro exatamente o momento da minha vida em que cheguei à conclusão que havia nascido no Brasil por um acidente geográfico. Foi quando trabalhava em uma empresa “bem conceituada” onde praticamente 95% das pessoas do departamento em que eu trabalhava eram falsos e ‘puxa sacos’, o ambiente era recheado e coberto de muita hipocrisia, na época pensava que seria um favor para a humanidade se o prédio pegasse fogo com as portas trancadas e com os 95% do povo insuportável dentro. Não preciso dizer que o ano que trabalhei lá foi o mais longo da minha vida, mas só recentemente quando alguém publicou uma foto da ‘equipe’ no Facebook dizendo que tinha saudades, e a foto teve muitos comentários dos funcionários da época, foi que me dei conta de duas coisas muito importante, a primeira é que essas pessoas são da forma como elas agem, não estavam só fazendo ‘média’ o é que ainda mais revoltante, pois como alguém pode ser ISSO! A segunda coisa que aprendi  é que eu deveria de certa forma agradecê-los, pois eles fizeram parte do meu processo de descoberta, descobri quem/como eu NÃO queria ser/ter ao meu redor.    

Então digamos que essa publicação do blog é para a tal ‘equipe’.....

Agora fica a grande ‘sacada’ da vida, nada acontece por acaso, repito:
ABSULUTAMENTE NADA NA VIDA ACONTECE POR ACASO.

Até mesmo as situações/coisas difíceis, indesejadas, insuportáveis acontecem por um motivo, claro que a maioria não faz sentido durante o momento em que estamos vivendo as, mas o tempo traz as respostas. Recentemente aprendi algo ainda mais interessante, cheguei à conclusão de que na vida a gente aprende muito mais com os sonhos/objetivos que não conseguimos realizar/atingir do que com os que conseguimos. O importante é tentar, afinal ficar no canto chorando as pitangas, envelhecer e olhar para traz e ver que não teve coragem de tentar deve ser algo desesperador, mas tentar com garra, dar 110% de si mesmo e não alcançar é humano. E tenha certeza que se não for possível atingir tua meta é por que não era para ser.

  
O que importa é ver a vida com olhos coloridos, pensar no bem estar maior, ser você mesmo indiferente do que os outros pensam, ter seus valores bem definidos e não se deixar influenciar pela lavagem cerebral do momento. A vida é muito curta e eu garanto que é possível encontrar um lugarzinho nesse mundão onde seus valores serão aceitos, onde você poderá ser você mesmo, basta ter coragem para procurar!


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Nada acontece por acaso e tudo têm a hora certa :)

Amo essa mensagem e acredito em tudo que ela diz, embora  já seja muito conhecida resolvi publicar no blog com a intenção de podermos reler quando a alma estiver inquieta e o coração aflito.
Desejo muita luz, paz e amor no caminho de vocês.
Com carinho, Adri



"Você nasceu no lar que precisava nascer, vestiu o corpo físico que merecia, mora onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com o teu adiantamento.
Você possui os recursos financeiros coerentes com tuas necessidades... nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Seu ambiente de trabalho é o que você elegeu espontaneamente para a sua realização.
Teus parentes e amigos são as almas que você mesmo atraiu, com tua própria afinidade.
Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Você escolhe, recolhe, elege, atrai, busca, expulsa, modifica tudo aquilo que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes. São as fontes de atração e repulsão na jornada da tua vivência.
Não reclame, nem se faça de vítima. Antes de tudo, analisa e observa.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta, busca o bem e você viverá melhor.
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

(Chico Xavier)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A verdadeira igualdade social

Uma das coisas que mais me impressiona e me faz ter orgulho e prazer de viver na Nova Zelândia é ver que a sociedade ainda não foi contaminada pelo vírus do consumismo e da classificação social. A NZ é um país onde a igualdade social é muito visível e verdadeira, não temos essa questão de classes sociais, ninguém se refere a ninguém como sendo de classe alta, ou classe média, ou o que é pior classe média baixa ou alta, pois eles não possuem essa necessidade doentia de rotular as pessoas para saber a qual grupo eles pertencem, todos fazem parte da mesma sociedade, com os mesmos direitos, deveres e todos possuem as mesmas oportunidades. 

 A sociedade kiwi não coloca rótulo em profissões ‘menos favorecidas’, ser garçonete, pintor, pedreiro ou faxineira é trabalho honesto e ninguém se torna invisível por não ser professor, engenheiro ou advogado. O termo ‘profissões menos favorecidas’ não existe no vocabulário kiwi, o povo daqui não vive de status, não existe a roupa da moda, as tendências da moda aqui são exatamente o que você pensou em vestir quando acordou e ninguém vai te olhar dos pés a cabeça porque sua blusa é amarela, sua é saia rosa e teu sapato roxo, se é isso que te faz sentir bem ninguém tem nada a ver com isso. Não faz parte da cultura kiwi, julgar as aparências, o povo não vive de status seja social ou material, é notório que as pessoas vivem realmente da forma como querem viver, da maneira como escolheram viver, da maneira como dá na telha.

Um fator muito interessante é o material escolar das crianças, simplesmente NÃO EXISTE mochila da Hello Kit, ou do Batman é tudo de uma cor só sem personagens famosos. Os cadernos são todos padrões, nem capa dura não têm, os lápis são aqueles simples amarelos, os classificadores são os de plástico liso sem desenho e mole, tudo possuem um preço suuuuuuuper acessível, e digo novamente NÃO existe outra opção é isso que o país vende nas livrarias durante a época de volta às aulas e durante o ano todo, você não encontrará opções mais flash, mais chick. As crianças não competem para ver quem tem o material escolar melhor, ninguém vai pra casa se sentindo inferior por não ter a mochila, as canetas, os cadernos do personagem famoso do momento. 

Os pais não se sentem pressionados a ter que fazer milagre para conseguir pagar pelos materiais ‘da moda’ aos filhos, a escola não ensina as crianças a se rotularem entre os que possuem os materiais escolares mais 'flash' e os que não possuem, ao contrário ela não só ensina, como dá o exemplo, sobre os valores da verdadeira igualdade social.




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Fingi ser gari por anos e vivi como um ser invisível" - Fernando Braga da Costa

Normalmente não leio sobre o Brasil, simplesmente porque não faz parte do meu dia a dia, considero que é simplesmente o país onde eu nasci e cresci, o lugar onde minha família e amigos vivem, no entanto tento limitar meu relacionamento com esse país e sociedade por ai. Quando alguém me conta algo sobre o Brasil ou recebo e-mails encaminhados com textos revoltados de brasileiros que estão cansados de fingir que está tudo bem, me limito a pensar que só nasci no Brasil por um acidente geográfico, pois desde muito muito cedo sabia que eu não pertencia a esse lugar.

Quando criei o blog decidi que tentaria ser o mais neutra possível aos assuntos relacionados ao Brasil, afinal de contas tenho pessoas que amo e admiro que vivem nesse país. Porém quando recebi um texto essa manhã sobre um assunto que SEMPRE me revoltei em relação as atitudes do povo brasileiro, e é certamente um dos motivos pelos quais não sei viver no Brasil,  decidi que teria que abrir uma excessão e publicar a matéria no blog. 

Segue a matéria que recebi por email:

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da "invisibilidade pública"

Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis, sem nome".

Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.

Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: "Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão", diz.

Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga... E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.

Como é que você teve essa idéia?

- Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.

Com que objetivo?

A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis. Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?

Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?

Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas, os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também. Vocês têm uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos. Os garis conseguem definir essas diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.

Dê um exemplo?

Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: "É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão."

Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?

Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente. As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.

Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?

Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.

Eles testaram você?

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

"Essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa”

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar não senti o gosto da comida voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma coisa.

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Confesso que quando recebi esse email hoje pela manhã tive um sentimento de alegria e paz enquanto o lia, pois sinto que finalmente algumas das minhas revoltas e teorias sobre os valores e atitudes da sociedade brasileira são reconhecidas por mais pessoas, me senti um pouco menos sozinha com minha revolta de que os valores estão errados, que as pessoas precisam ser vistas por quem são ao invés do que elas possuem. Que os valores sociais precisam estar voltados ao SER e não ao TER, que as pessoas precisam passar a respeitar as outras como seres humanos, que todos possam viver uma vida fazendo escolhas próprias ao invés de ter que optar ao que a sociedade julga ser correto.

Que o povo brasileiro seja menos fofoqueiro, critico, materialista, consumista, que viva de menos status e passe a viver com a VERDADEIRA liberdade de escolha, com o direito de SER o que quiser SER e quando e onde quiser SER.

Que o povo brasileiro consiga ser mais verdadeiro, que compreenda que a verdade é muito mais importante do que um tapinha nas costas, que ser honesto não é característica para ganhar recompensa mas sim característica básica e obrigação de todos, que o maldito "jeitinho brasileiro", que é conhecido mundo a fora, seja abolido, pois ao contrário do que muito ignorantes pensam,  esse tal "jeitinho" é motivo de vergonha mundo a fora, vergonha de ser brasileiro, vergonha de ser brasileira!

Ao Fernando Braga, que concluiu a tese de mestrado que agora virou livro que será lançado pela editora Globo, que tua humildade e inteligencia seja de exemplo ao povo brasileiro que tem muito a aprender sobre valores sociais.


TÍTULO :Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social-AUTOR Fernando Braga-EDITORA Globo