Acredito que nasci “destinada” a viver em um
lugar distante do lugar onde nasci, de fato não poderia ter ido mais longe a
não ser que estivesse vivendo com os pingüins na Antártica, sempre tive vontade
de viajar, conhecer outras cidades, estados do Brasil, outros países, aprender
sobre outras culturas, hábitos e eu sabia que um dia esse sonho se realizaria.
Como um ser humano normal que acredita muito em
seus sonhos, eu achava que o que eu queria para mim era a única forma correta de
‘viver’, eu não entendia como as pessoas conseguem “nascer e morrer” no mesmo
lugar, sem se mover, sem conhecer outros lugares, outras culturas, sem respirar
outros ares. Pensava que quem não compartilhava do mesmo sonho que eu, possuía
mentalidade pequena, expectativas pequenas, um bando de medrosos que eram um pouco
comodistas demais, estranhos demais.
Realizei meu sonho, morei em outra cidade, em
outro estado do Brasil (embora não tenha sido o estado que sonhei viver), conheci
alguns países, cruzei alguns continentes, aprendi sobre diversas culturas pelos
lugares onde passei, com as pessoas de diferentes nacionalidades que conheci
nesses meus cinco anos de jornada vivendo no exterior, aprendi outro idioma,
experimentei muitas outras culinárias e vivo em um lugar muito, mas muito,
distante de onde nasci.
O tempo e as experiências são fundamentais para
conseguirmos ver as coisas de uma maneira diferente, com outros olhos, minhas
vivências me permitiram compreender um pouco sobre o porquê as pessoas que
“nascem e morrem” no mesmo lugar decidem “nascer e morrer” no mesmo lugar. Aprendi
que tudo nessa vida tem um preço, que até mesmo a realização de um sonho tem o
seu lado não tão brilhante. Que nessa vida fazemos escolhas e que nossas
escolhas andam acompanhadas por conseqüências, que podem ser maravilhosas ou
nem tanto.
Hoje já penso que viver no mesmo lugar a vida
toda também possui a sua mágica, possui um lado positivo, afinal você passa a
vida toda rodeado de pessoas que te já te conhecem, pessoas que sabem quem você
é, do que você gosta, está rodeado de pessoas que lembrarão o seu aniversário,
é freqüentemente convidado para participar de casamentos, formaturas,
batizados, chá de panela, chá de bebê, festas de natal, ano novo e a lista de
evento é infinita. Conclui que quem passa a vida inteira em um único lugar
consegue construir uma identidade, pertencer a um lugar, se identificar com uma
“tribo”, e muitos seres humanos sonham em viver para sempre em território
familiar, afinal embora ame ter realizado meu sonho de “correr” por ai e viver
bem longe, preciso dizer que isso às vezes não é tarefa fácil.
Conclui que não existe uma forma certa ou
errada de ‘viver’, no mesmo lugar a vida inteira ou a vida inteira em
diferentes lugares, o importante é saber o que te fará feliz e fazer acontecer,
aceitando que o fato de que tudo possui um lado preto e um lado branco, ou
melhor, um lado com tempestade e um lado com arco-íris.
Com carinho,
Adri
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