Todo mundo que me conhece um pouquinho sabe que
eu moro aqui na Nova Zelândia por opção própria, afinal ninguém me mandou pra
cá, eu não casei com um ‘gringo’ e não sou ‘fugitiva’ do Brasil, ao menos não
oficialmente, mas isso também não vem ao caso. Sim, vivo na minha pátria
escolhida porque escolhi viver, mas sou uma pessoa muito honesta com minhas
opiniões, não faço parte da ‘fatia’ do povo brasileiro que mora no exterior e
se deslumbra com qualidades de seu novo país sem perceber os defeitos, afinal
vamos ser honestos não existe país perfeito!
Afirmo e repito não existe país perfeito, o que
existe é você escolher quais são os problemas com os quais você quer/é capaz de
tolerar/conviver.
Reconheço que sou ‘privilegiada’ em muitos aspectos
aqui nesse outro lado do mundo, afinal quando o assunto é qualidade de vida e
segurança minha pátria escolhida tem muito a oferecer, os elogios e apreciações
em relação à Nova Zelândia são vários, vivo comentando com todo mundo que me
sinto realmente ‘sortuda’ por estar vivendo meu sonho.
Porém, essa minha publicação é sobre as
dificuldades, sobre o lado negativo de viver aqui, embora muitas pessoas, ou
melhor, a maioria das pessoas acreditarem que quando a gente vive no exterior
tudo é mágico, tudo é diversão, tudo em nossa vida é sobre viajar e pular de
pára-quedas, a realidade é muito simples, viver no exterior é igual viver no
Brasil tem o lado bom e o lado ruim, o perfeito não existe!
Certamente os “problemas” são diferentes no
ponto de vista de cada um, a minha maior dificuldade aqui é sem dúvida a
questão cultural, acho o povo daqui um tanto quanto estranho, frio e egoísta,
eu nunca tive dificuldades de fazer amigos, mas aqui tenho, sabe como é o povo
brasileiro faz amigo até na fila do banco esperando para pagar as contas, mas
aqui é quase que impossível os relacionamentos são frios, você não fica intimo
o suficiente das pessoas para que elas e você se visitem sabe????
O máximo de socialismos é combinar de se
encontrar depois do trabalho para tomar uma bebida no bar, sair pra comer algo
junto e era isso, eu já sou muito mais gaúcha, quero ter amigos que venham na
minha casa tomar um chima, comer um bolo e botar tanta conversa/fofoca fora que
tem que acabar ficando pra janta sabe??? Não sei acho que é uma forma bem local de ser
também, pois sei que existem brasileiros de outros estados do Brasil que não
são tão hospitaleiros como nós do sul, mas eu tenho essa coisa e depois de
quase cinco anos vivendo aqui não encontrei ninguém ainda com quem eu pudesse
ter uma amizade que não fosse cheia de nove horas sabe??? Ninguém consegue imaginar o quanto me faz
falta esse contato humano, tenho muuuuuiiiita saudades dos meus amigos do
Brasil....já vou parar de escrever sobre isso se não já vou me ‘esbugalhar’ chorrando...
Vista do céu as 8 da manhã em Wellington no inverno |
Outro fator que me mata é o clima do tempo, gente
o inverno dura no mínimo uns seis meses e durante esse período é sempre cinza,
nublado, úmido, frio de matar e dá a sensação de que é sempre noite, você sai
de casa pela manhã para ir ao trabalho e na maioria das vezes ainda está
escuro, e sempre que sai do trabalho a tardinha já está completamente escuro.
Aqui em Wellington então chove um montão e venta que é uma beleza, a pergunta
matinal é quanto forte está o vento hoje, pois praticamente não existe a
possibilidade de não estar ventando, é uma desgraça! Para completar o pacote
falta calor no verão, tudo é uma questão de ‘sorte’, o verão desse ano deve ter
tido uma semana de dias quentes e aqui em Wellington raramente fez mais de 20
graus, uma tristeza..hehehe Esse é a verdadeira coisa da qual a gente
precisa rir pra não chorar.
Por hoje minha sessão de reclamações fica por
aqui, não escrevi essa postagem com a intenção de ser negativa, mas sim porque
quero dividir com as pessoas que lêem minhas postagens a verdadeira ‘face’ do
que é viver no exterior, do quanto a grama do visinho não é mais verde, de que
tudo nessa vida tem o lado bom e o não tão bom, de que toda vez que fazemos uma
escolha nessa vida estamos abrindo mão de outras coisas, de que ninguém vive em um conto de fadas nem mesmo
os que vivem/realizam os seus sonhos.
As possibilidades que o universo e a vida nos
apresentam diariamente são maravilhosas, basta prestar atenção, todos nós temos
a capacidade e o potencial de realizar nossos sonhos e desejos. O grande
desafio é aprender a conviver com o que você precisou deixar para traz devido
às escolhas que foram feitas, os sonhos que foram realizados. Eu sou e sempre
serei uma eterna ‘aprendiz’ quando o assunto é aceitar que viver o sonho aqui,
significa ter que ‘abrir’ mão das coisas que só existem ai.
Com carinho,
Adri